quarta-feira, 20 de março de 2013

Atividade de Português

    
 

As lições do capitão
Normalmente, um naufrágio de grandes proporções mobiliza a atenção do público em função das mortes que provoca e dos mistérios que cercam o ocorrido. Com o naufrágio do navio italiano Costa Concórdia foi diferente: mesmo tendo causado um número pequeno de vítimas fatais, o acidente não sai do noticiário. O motivo é a incrível performance do capitão Schettino, que abandonou o navio antes dos passageiros e dos tripulantes, para a estupefação geral.
Não deixa de ser uma boa notícia: por remeter a questões relacionadas à honra, bravura, solidariedade e outras qualidades escassas, tal interesse pode ser interpretado como um impulso moral coletivo, coisa alentadora nestes tempos marcados, simultaneamente, por uma grande interconectividade e por um individualismo exacerbado. E no qual os discursos de uma ética global, financeira, ambiental ou política perdem-se na retórica e na queda de braço entre a sociedade civil, o Estado e as corporações: ninguém quer largar o osso, mas, na hora do naufrágio, todo mundo quer pular primeiro.
Uma coisa é pedir arrego na iminência de um ataque pirata no século XVI. O barbudo capitão agarra-se a um barril, e, caso sobreviva, abriga-se numa ilhota caribenha, onde terá tempo e paz para repensar seus atos ou, simplesmente, dar graças aos céus, no gozo da condição de covarde consumado. Outra coisa é pular do navio a poucas braçadas da costa, deixando centenas de semelhantes à própria sorte.
O dever, imputado a um capitão, de ser o último a deixar o navio, é velho, remonta às navegações da antiguidade clássica, mas é até hoje usado, não apenas nas leis de navegação, mas como metáfora na análise de atitudes várias nas relações sociais. No âmbito das empresas, por exemplo: o gerente recém-empossado que, diante da crise de seu departamento, ou de sua própria inépcia, deixa seus comandados na mão e corre para a primeira oferta de emprego, é hoje figurinha fácil, sobretudo nos meios de experimentação tecnológica. Faz-nos pensar, também, no quanto o ensimesmamento psicológico, em paradoxal anteposição à eclosão geométrica de redes sociais, se torna a regra de ouro numa era que se quer avançada e inventiva.
(Arnaldo Bloch. Jornal O Globo, 21.01.12 / adaptado)
Habilidade: Perceber o sentido denotativo e/ou conotativo de uma palavra ou expressão no texto.
 
Dificuldade: Fácil
1. Foi empregada em sentido conotativo a seguinte expressão:
(A) “o acidente não sai do noticiário”. (1º parágrafo)
(B) “ninguém quer largar o osso”. (2º parágrafo)
(C) “O barbudo capitão agarra-se a um barril.” (3º parágrafo)
(D) “Outra coisa é pular do navio”. (3º parágrafo)
Habilidade: Compreender o sentido de uma palavra ou expressão.
Dificuldade: Médio
2. No fragmento “coisa alentadora nestes tempos” (2º parágrafo) a palavra destacada poderia ser substituída, sem prejuízo de sentido, por:
(A) importante
(B) consoladora
(C) inadequada
(D) inspiradora
Habilidade: Estabelecer relações lógico-discursivas, presentes no texto, a partir da compreensão do valor semântico de um conector.
Dificuldade: Difícil
3. Em “caso sobreviva” (3º parágrafo), a conjunção destacada possui um sentido de:
(A) causa
(B) consequência
(C) concessão
(D) condição
DESAPARECIMENTO DOS ANIMAIS
Tente imaginar esta cena: homens, animais e florestas convivendo em harmonia. Os homens retiram das plantas apenas os frutos necessários e cuidam para que elas continuem frutificando; não matam animais sem motivo, não sujam as águas de seus rios e não enchem de fumaça seu ar. Em outras palavras: as relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem, bem como as influências que uns exercem sobre os outros, estão em equilíbrio. (...)
Nossa preocupação (de brasileiros) não é só controlar a exploração das florestas, mas também evitar uma de suas piores consequências: a morte e o desaparecimento total de muitas espécies de animais. Apesar de nossa fauna ser muito variada, a lista oficial das espécies que estão desaparecendo já chega a 86 (dentre elas, a anta, a onça, o mico-leão, a ema e o papagaio).
E a extinção desses animais acabará provocando o desequilíbrio do meio ambiente, pois o desaparecimento de um deles faz sempre com que aumente a população de outros. Por exemplo: o aumento do número de piranhas nos rios brasileiros é consequência do extermínio de seus três inimigos naturais - o dourado, a ariranha e o jacaré.
(Nosso Brasil, 1979)
 
Habilidade: Identificar o efeito de sentido decorrente do uso de pontuação e de outras notações.
Dificuldade: Fácil
4. No fragmento “...a lista oficial das espécies que estão desaparecendo já chega a 86 (dentre elas, a anta, a onça, o mico-leão, a ema e o papagaio)”, os parênteses são usados para:
(A) incluir dados informativos sobre o autor do texto.
(B) separar uma oração desnecessária à frase.
(C) exemplificar algumas espécies importantes que estão desaparecendo.
(D) explicar o que foi expresso anteriormente.
Habilidade: Estabelecer relações de causa/consequência entre partes e elementos do texto.
Dificuldade: Médio
5. Apresentam relação de causa e consequência os seguintes fatos do texto:
(A) os homens não matam animais (causa); os homens não sujam as águas do rio (consequência).
(B) os homens retiram das plantas apenas os frutos necessários (causa); os homens não enchem de fumaça o seu ar (consequência).
(C) nossa fauna é muito variada (causa); muitas espécies estão desaparecendo (consequência).
(D) o dourado, a ariranha e o jacaré foram exterminados (causa); houve um aumento no número de piranhas nos rios brasileiros (consequência).
Habilidade: Reescrever frases mantendo o sentido original do texto.
Dificuldade: Difícil
6. A oração “Apesar de nossa fauna ser muito variada” (2º parágrafo) poderia, sem prejuízo de sentido, ser reescrita da seguinte forma:
(A) Mesmo que nossa fauna seja muito variada
(B) Como nossa fauna é muito variada
(C) Caso nossa fauna seja muito variada
(D) Assim que nossa fauna for muito variada.

Habilidade: Estabelecer relações entre as partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para sua continuidade.
Dificuldade: Fácil
7. A expressão “o imbecil” (8ª linha) refere-se ao:
(A) analfabeto político
(B) menor abandonado
(C) assaltante
(D) político vigarista
Habilidade: Identificar o efeito de sentido decorrente do uso de pontuação e de outras notações.
Dificuldade: Médio
8. As aspas (“...”) foram usadas nesse texto com a finalidade de:
(A) assinalar palavras de origem estrangeira.
(B) evidenciar uma ironia, haja vista que o texto é de caráter satírico.
(C) indicar uma citação em função de o texto ser de autoria de Bertolt Brecht.
(D) enfatizar a culpa do analfabeto político em relação aos problemas sociais.
Habilidade: Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto etc.)
Dificuldade: Difícil
9. Quanto à linguagem não verbal presente no texto (os desenhos), pode-se afirmar que:
(A) faz referência ao político vigarista, que se recusa a ver e ouvir os problemas sociais modernos.
(B) faz referência aos elementos sociais criados pelo analfabeto político: a prostituta, o bandido (imagens da direita), o menor abandonado e o político vigarista (imagens da esquerda).
(C) complementa a linguagem verbal por ilustrar o analfabeto político, que se recusa a participar da política, e o político vigarista.
(D) não complementa a linguagem verbal.
Habilidade: Identificar relações de causa e consequência a partir do sentido dos conectores.
Dificuldade: Difícil
10. No fragmento: O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito...”, a conjunção destacada atribui à oração a que ela pertence uma ideia de:
(A) Causa
(B) Condição
(C) Comparação
(D) Consequência

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