Texto I
É falando que os
mentirosos se entregam
Esqueça a ideia de que
é fácil pegar um mentiroso pela leitura corporal. Desviar os olhos,
corar, coçar a cabeça, suar frio, nada disso é necessariamente
sinal de que uma pessoa não esteja dizendo a verdade, como revelam
os mais recentes estudos sobre o assunto. Artigo publicado na edição
deste mês da revista “Mente & Cérebro”, que chega às
bancas no próximo dia 30, mostra, no entanto, que é falando que o
mentiroso se entrega. Pode não ser aquela bandeira do nariz do
Pinóquio – o mais famoso mentiroso da ficção –, mas já é
alguma coisa.
“Sinais acústicos
são mais eficazes que informações visuais. As pessoas costumam
diferenciar de forma mais nítida as mentiras quando ouvem a
declaração duvidosa com atenção, em vez de observar o outro”,
sustenta o artigo, assinado pelo psicólogo social Marc-Andre
Reinhard, pesquisador da Universidade de Mannheim, na Alemanha.
Um grupo de
pesquisadores coordenado pela psicóloga Bella M. de Paulo, da
Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, nos EUA, comprovou
que os sinais corporais tradicionalmente associados à mentira
raramente são verdadeiros. Uma revisão de mais de 200 estudos sobre
o tema, feito por Bella e Charles F. Bond, da Universidade Cristã do
Texas, comprovou que o índice de acertos (sobre se uma pessoa está
ou não mentindo) por meio da análise dos sinais corporais é
similar ao de um mero chute, cerca de 50%.
“Na verdade, para a
maioria das pessoas é realmente muito difícil discernir se uma
declaração é verdadeira ou falsa”, constata Reinhard.
Mas nem tudo está
perdido. Cientistas comprovaram que existem, sim, formas de
desmascarar um mentiroso com alguma margem de segurança. Tomando por
base os estudos levantados por Bond e Bella, pesquisadores da mesma
equipe chegaram à conclusão de que sinais acústicos são mais
eficazes que os visuais para detectar uma mentira. Ou seja, em vez de
observar o falante, é mais eficaz ouvi-lo.
A chamada técnica do
interrogatório, na qual a pessoa é instada a repetir a mesma
história várias vezes, é um exemplo clássico, não por acaso
empregada por policiais em busca da verdade. Se a história é
inventada, a chance de cair em contradição é muito grande.
Os estudos de Bella e
Bond revelaram ainda que, ao ser pego de surpresa num questionamento,
o mentiroso se entrega mais facilmente, porque não teve tempo de
elaborar uma explicação crível para a mentira. Cobrar explicações
imediatas pode ser uma boa forma de detectar um mentiroso, ensina
Reinhard.
Se a pessoa parece
nervosa e fala em tom mais alto do que o de costume, as chances de
ela estar mentindo são ainda maiores.
“Especialistas
afirmam que os mentirosos contumazes são, em geral, pouco plausíveis
e lógicos”, escreve o especialista. “Além disso, raramente
admitem que tenham de corrigir sua descrição ou que não consigam
se lembrar de algo. Para ‘encobrir os brancos da memória’, eles
simplesmente inventam informações.”
O GLOBO, domingo, 25 de
outubro de 2009. (Adaptado)
1.) Esqueça a ideia
de que é fácil pegar um mentiroso pela leitura corporal. Desviar
os olhos, corar, coçar a cabeça, suar frio, nada disso é
necessariamente sinal de que uma pessoa não esteja dizendo a
verdade, como revelam os mais recentes estudos sobre o assunto.
(l.1-3)
Na linha argumentativa
do texto, o segundo período, destacado nesse trecho, caracteriza-se
semanticamente, em relação ao primeiro, como uma
(A) contradição.
(B) condição.
(C) justificativa.
(D) finalidade.
2.) Considere as
afirmativas abaixo em relação às ideias do texto.
I. Identificar a
mentira pela observação do comportamento auditivo é mais eficaz do
que pela expressão corporal.
II. O mentiroso
convicto não se contradiz num interrogatório.
III. Cientificamente,
está comprovada a possibilidade de desmascarar um mentiroso.
Está correto apenas o
que se afirma em
(A) I.
(B) II.
(C) I e III.
(D) II e III.
3.) Em Pode não ser
aquela bandeira do nariz do Pinóquio – o mais famoso mentiroso da
ficção–, mas já é alguma coisa. (l.5-6), os travessões
foram empregados para
(A) destacar a
explicação.
(B) intercalar o
chamamento.
(C) ressaltar a
importância do autor.
(D) isolar a
circunstância de tempo.
4.) “Além
disso, raramente admitem que tenham de corrigir sua
descrição ou que não consigam se lembrar de algo. (...).”
(l.33-34)
A expressão sublinhada
introduz uma ideia que, em relação à anterior, se configura como
(A) restrição.
(B) acréscimo.
(C) comparação.
(D) exclusão.
5.) Assinale a opção
em que o substantivo derivado do verbo NÃO está grafado
corretamente.
(A) diferenciar
(l.7): diferenciação
(B) observar (l.
8): observação
(C) admitir (l.
33): admição
(D) corrigir (l.33):
correção
6.) Nos processos de
coesão textual, há vocábulos que substituem palavras, expressões
ou ideias anteriormente expostas.
Um exemplo em que o
vocábulo sublinhado retoma o termo em negrito é:
(A) As pessoas
costumam diferenciar de forma mais nítida as mentiras quando ouvem a
declaração duvidosa com atenção, (l. 7-8)
(B) “Na verdade,
para a maioria das pessoas é realmente muito difícil discernir se
uma declaração é verdadeira ou falsa”, (l. 17-18)
(C) Os estudos de
Bella e Bond revelaram ainda que, ao ser pego de surpresa num
questionamento, o mentiroso se entrega mais facilmente, (l.26-27)
(D) Se a pessoa
parece nervosa e fala em tom mais alto do que o de costume, as
chances de ela estar mentindo são ainda maiores. (l.30-31)
(A) se mostra muito
alegre por ter a possibilidade, com a ajuda de Pinóquio, de
mergulhar no rio.
(B) pede a Pinóquio
que conte mais uma mentira para que o seu nariz cresça e ele alcance
o outro lado do rio, sem se molhar.
(C) demonstra, no
segundo quadrinho, tranquilidade e certeza de alcançar o outro lado
do rio.
(D) pede a Pinóquio
que conte uma mentira para fazer do seu longo nariz um trampolim para
nadar nas águas límpidas do rio.
8.) Entre as expressões
populares, qual delas NÃO corresponde à situação vivida por
Cascão no segundo quadrinho?
(A) Estar com o
coração na mão.
(B) Estar num beco
sem saída.
(C) Botar as mangas
de fora.
(D) Estar num mato
sem cachorro.
Texto III
O meu guri
(Chico Buarque)
Quando seu moço nasceu
meu rebento
Não era o momento dele
rebentar
já foi nascendo com
cara de fome
E eu não tinha nem
nome pra lhe dar
Como fui levando, não
sei lhe explicar
Fui assim levando ele a
me levar
E na sua meninice ele
um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí
Olha aí
Olha aí, aí o meu
guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega
Chega suado e veloz do
batente
E traz sempre um
presente pra me encabular
Tanta corrente de ouro,
seu moço
Que haja pescoço pra
enfiar
Me trouxe uma bolsa já
com tudo dentro
Chave, caderneta, terço
e patuá
Um lenço e uma penca
de documentos
Pra finalmente eu me
identificar, olha aí
Olha aí, ai o meu
guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega
(...)
Chega estampado,
manchete, retrato
Com venda nos olhos,
legenda e as iniciais
Eu não entendo essa
gente, seu moço
Fazendo alvoroço de
mais
O guri no mato, acho
que tá rindo
Acho que tá lindo de
papo pro ar
Desde o começo eu não
disse seu moço
Ele disse que chegava
lá
Olha aí, olha aí
Olha aí, aí o meu
guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
9.) A expressão "Que
chegava lá", retirada da linha 8, mostra que o menino tinha:
(A) otimismo
(B) desconfiança
(C) pessimismo
(D) incredulidade
(E) medo
10.) Qual a única
palavra que não seria sinônimo da expressão "fazendo
alvoroço" (linha 28)
(A) confusão
(B) silêncio
(C) balbúrdia
(D) agitação
(E) tumulto
11.) Por que nas
manchetes o guri vinha somente com "legenda e as iniciais"?
(linha 26)
(A) porque o espaço do
jornal é pequeno e não cabe o nome todo.
(B) porque ele é menor
de idade e não pode ser identificado.
(C) porque os
jornalistas não sabiam o nome do guri.
(D) porque a mãe não
permitiu que colocassem o seu nome completo.
(E) porque pobre não
sai no jornal.
TEXTO IV
PELES DE SAPOS
Ruth de Gouvêa Duarte
Em 1970 e 1971, houve,
no Nordeste brasileiro, uma enorme procura por sapos, que eram
caçados para que suas peles fossem exportadas para os Estados
Unidos. Lá elas eram usadas para fazer bolsas, cintos e sapatos.
Isso levou a uma drástica diminuição da população de sapos nessa
região.
O sapo se alimenta de
vários insetos, principalmente mariposas, grilos e besouros. É um
animal voraz, isto é, comilão. Quando adulto chega a comer
trezentos besouros por dia.
Sem os sapos, seus
inimigos naturais, as mariposas, os besouros e os grilos ,
proliferaram de maneira assustadora.
Esses insetos invadiram
as cidades. Mariposas e besouros concentraram-se em torno dos postes
de iluminação pública e também entraram nas casas, causando
grandes transtornos. Os grilos, com seu cricri, não deixavam as
pessoas dormirem.
Em maio de 1972, na
cidade de Iati, em Pernambuco, a população, em uma espécie de
mutirão, varreu ruas e calçadas, amontoando principalmente
besouros, e também mariposas e grilos mortos, para serem levados por
caminhões de lixo. Em apenas três dias, encheram-se mais de oitenta
caminhões com esses bichos!
O governo proibiu a
caça de sapos e passou a fiscalizar a exportação de suas peles.
12.) O título do
texto, Peles de sapos, representa:
(A) o motivo da invasão
dos insetos nas cidades;
(B) o objetivo
econômico dos exportadores;
(C) a razão de ter
aumentado o número de grilos e mariposas;
(D) uma riqueza
importante do Nordeste brasileiro;
(E) a causa da extinção
definitiva dos sapos.
13.) Uma informação
conta com uma série de elementos básicos: o que aconteceu,
quem participou dos acontecimentos, onde e quando se
passaram, como e por que ocorreram os fatos etc.
Considerando que o acontecimento básico do texto é a caça
aos sapos, assinale a informação que não está
presente no texto:
(A) onde ocorreu: no
Nordeste brasileiro;
(B) quando ocorreu: em
1970 e 1971;
(C) para que ocorreu:
exportação de peles;
(D) como ocorreu:
armadilhas especiais;
(E) consequência da
caçada: redução da população de sapos.
14.) Assinale a frase
em que o vocábulo destacado tem seu antônimo corretamente indicado:
(A) “...para que
suas peles fossem exportadas...” -
compradas;
(B) “...uma enorme
procura por sapos...” - imensa;
(C) “...levou a
uma drástica diminuição da população...”
- progresso;
(D) “Quando
adulto, chega a comer...” - filhote;
(E) “...seus
inimigos naturais,...” - adversários.
15.) “O sapo se
alimenta de vários insetos, principalmente mariposas, grilos e
besouros.” ; o emprego de principalmente nesse fragmento
do texto indica que o sapo:
(A) também come outros
insetos;
(B) só come mariposas,
grilos e besouros;
(C) prefere mariposas a
grilos e besouros;
(D) não come
mariposas, grilos e besouros;
(E) só come insetos
nordestinos.
16.) Abaixo estão
colocados 5 fatos relacionados ao conteúdo do texto; indique o item
em que esses fatos foram colocados em ordem cronológica, ou seja, na
ordem em que aconteceram, segundo o texto:
I - houve proibição
da caça aos sapos;
II - houve diminuição
da população dos sapos;
III - houve exagerado
aumento na população de insetos;
IV - houve uma intensa
caça aos sapos;
V - ocorreram problemas
em Pernambuco.
(A) I . II . III . IV .
V;
(B) V . IV . III . II .
I;
(C) I . II . III . V .
IV;
(D) II . IV . V . III .
I;
(E) IV . II . III . V .
I.
17.) A mensagem que se
pode entender do texto é:
(A) a matança
indiscriminada de animais pode causar desequilíbrios ecológicos;
(B) a economia do país
está acima do bem-estar da população;
(C) a união da
população não resolve muitos de nossos problemas;
(D) os insetos são
inimigos dos homens;
(E) o governo não
cuida da proteção aos animais.
Texto V
LÓGICA
DA VINGANÇA
A. Buoro / F.
Schilling / H. Singer / M. Soares
No nosso cotidiano,
estamos tão envolvidos com a violência, que tendemos a acreditar
que o mundo nunca foi tão violento como agora: pelo que nos contam
nossos pais e outras pessoas mais velhas, há dez, vinte ou trinta
anos, a vida era mais segura, certos valores eram mais respeitados e
cada coisa parecia ter o seu lugar.
Essa percepção pode
ser correta, mas precisamos pensar nas diversas dimensões em que
pode ser interpretada. Se ampliarmos o tempo histórico, por exemplo,
ela poderá se mostrar incorreta.
Em um dos volumes da
coleção História da vida privada, Michel Rouché afirma, em
seu artigo sobre a criminalidade na Alta Idade Média (por
volta do século VI), que, se fôssemos comparar o número de
assassinatos que ocorriam naquele período, proporcionalmente
à população mundial de então, com o dos dias atuais,
veríamos que antes eles eram bem mais comuns do que são
agora. Segundo esse autor, naquela época, “cada qual via a
justiça em sua própria vontade”, e o ato de matar não era
reprovado - era até visto como sinal de virilidade: a
agressividade era uma característica cultivada pelos homens,
fazia parte de sua educação.
O autor afirma, ainda,
que torturas e assassinatos, bastante comuns naqueles tempos,
ocorriam em grande parte por vingança: “Cometido um assassinato, a
linhagem da vítima tinha o imperioso dever religioso de vingar essa
morte, fosse no culpado, fosse num membro da parentela.” Realizada
a vingança e assassinado o culpado da primeira morte, a mesma lógica
passava a valer para parentes deste, que deveriam vingá-lo, criando
assim uma interminável cadeia de vinganças, que podia estender-se
por várias gerações.
18.) Deduz-se do texto
que:
(A) a violência está
presente em todas as épocas;
(B) a vingança era
legal antigamente;
(C) antigamente a vida
era menos segura;
(D) devemos fazer
justiça com as próprias mãos;
(E) antigamente não
havia leis contra a violência.
19.) O uso de aspas, em
alguns segmentos do texto, indica que:
(A) devem ser lidos com
mais atenção;
(B) são reproduções
do texto de outro autor;
(C) foram traduzidos de
outra língua;
(D) correspondem a
textos antigos;
(E) mostram o mais
importante do conteúdo.
20.) Quando no texto se
usa a forma da primeira pessoa do plural, em “No nosso cotidiano,
estamos tão envolvidos com a violência...”, isto se refere
a:
(A) todos os cidadãos
do Rio de Janeiro;
(B) cidadãos que foram
vítimas da violência;
(C) vítimas do
trânsito;
(D) ele mesmo e aos
leitores, em geral;
(E) cidadãos de hoje e
de antigamente.
21.) O autor citado no
texto diz que os assassinatos eram bem mais comuns na época antiga
do que agora, mas isto só pode ser afirmado:
(A) porque naquela
época não havia estatísticas de registro de crimes;
(B) levando-se em
consideração a proporção populacional das duas épocas;
(C) porque hoje não é
mais aceita a lógica da vingança;
(D) se acreditarmos no
que nos dizem os mais velhos;
(E) considerando-se que
a população antiga era mais violenta que a atual.
22.) “...que, se
fôssemos comparar o número de assassinatos que ocorriam naquele
período, proporcionalmente à população mundial de então, com o
dos dias atuais, veríamos que antes eles eram bem mais comuns do que
são agora.” ; nesse segmento do texto, o vocábulo que não
indica tempo é:
(A) período;
(B) então;
(C) dias atuais;
(D) antes;
(E) proporcionalmente.
23.)
“...o ato de matar não era reprovado...” equivale a:
(A)
o ato de matar não tinha aprovação;
(B)
merecia reprovação o ato de matar;
(C)
o ato de matar não era aprovado;
(D)
sofria reprovação o ato de matar;
(E) não havia
reprovação para o ato de matar.
Texto VI
COLÔNIA DE
PESCADORES Z-10 MANTÉM AS TRADIÇÕES
COMUNIDADE, NA ILHA DO
GOVERNADOR, CONTA COM 1,6 MIL PESCADORES ARTESANAIS,
QUE ENFRENTAM
DIFICULDADES PARA TRABALHAR
Em meio ao polo
industrial e tecnológico que cresce no entorno da Baía de
Guanabara, uma comunidade fundada há quase 92 anos tenta manter suas
raízes. A Colônia de Pescadores Z-10, cujo acesso é feito por uma
ponte que a liga ao bairro da Ribeira, ainda preserva ares de
cidadezinha do interior. No local, jovens herdam o ofício de seus
pais, que, por sua vez, o herdaram de seus avós, e vivem da pesca
artesanal, uma atividade que enfrenta, a cada ano, mais dificuldades,
seja pela competição desigual com a praticada em larga escala, pela
poluição ou pelo aumento das áreas nas quais a atividade é
proibida, por conta de ações petrolíferas. Atualmente, a renda
mensal de um pescador varia entre R$ 500 e mil reais, e uma forma
encontrada por alguns para complementá-la é divulgar a colônia e
seu potencial turístico.
Aníbal Ferreira,
presidente da colônia, diz que, para quem vive ali, trabalhar está
ficando cada vez mais difícil:
- A vida do pescador
artesanal é marcada por muito sacrifício. A maioria tem barcos
pequenos e precisa ir para longe, já que, por aqui, praticamente não
há mais áreas boas para pegar peixes. Mas nossa luta não para;
prova disso é que temos, hoje, 1.600 trabalhadores cadastrados.
A venda da maior parte
do pescado acontece na própria colônia, numa banca que fica logo na
entrada. Com frutos do mar frescos e preços abaixo dos cobrados no
mercado, consumidores de todos os cantos da cidade aparecem por lá.
Américo Gonçalves de
Araújo, um dos pescadores da Z-10, vive desde criança na colônia.
Ele aprendeu a pescar com o pai e, triste, conta que, algumas vezes,
é mais vantajoso levar o peixe para casa do que vendê-lo.
- Algumas espécies
não dão muito retorno, então nós mesmo comemos. O camarão é bem
lucrativo, mas praticamente desapareceu da região - conta Américo.
Ele é irmão de
Arilson Gonçalves de Araújo, conhecido como Camarão, dono de um
dos pontos mais frequentados da colônia: o Bar do Camarão, na Rua
Antônio Salles.
- Recebemos
estrangeiros e até celebridades no almoço. Jogadores de futebol
como Júlio César, do Grêmio, e Diego Souza, do Vasco, vêm sempre
aqui - diz, orgulhoso. (...)
Outro atrativo da
colônia é o manguezal do Rio Jequiá, que vem se reerguendo
gradativamente desde um vazamento de óleo ocorrido em 1974. Os
méritos por essa recuperação são de José Luiz de Castro
Ferreira, conhecido na colônia como Zé Luiz do Jequiá.
Ele dedicou boa parte
da sua vida ao manguezal e perdeu a conta de quantas mudas já
plantou no local há uns dois anos, calculava mais de 700 mil.
Sem qualquer formação
na área ambiental, Zé Luiz aprendeu tudo que sabe por conta
própria, e já foi alvo de uma ação judicial por promover o
replantio.
- Fui processado por
produzir mudas sem ter formação de engenheiro ambiental. Tive de
brigar com muita gente, sofri muita pressão para não levar essa
luta adiante - conta.
Nos anos 70, com base
em livros do Instituto de Pesquisas da Marinha, Zé Luiz elaborou um
relatório e conseguiu impedir que o manguezal fosse aterrado. Na
década seguinte, criou a Associação Amigos do Manguezal do Jequiá,
da qual é presidente até hoje. Em 1990, participou do movimento que
impediu a prefeitura de construir uma estrada que passaria pelo
local. Em 1993, conseguiu fazer com que um decreto transformasse o
manguezal em área de proteção ambiental.
- Enquanto estiver
vivo, vou lutar pela preservação desse local - afirma.
(Disponível em:
http://oglobo.globo.com/zona-norte/colonia-de-pescadores-10-mantem-as-tradicoes-3928514,
publicado em 12/02/12. Acesso em 13/02/2012)
24.) “Em meio ao polo
industrial e tecnológico que cresce no entorno da Baía de
Guanabara, uma comunidade fundada há quase 92 anos tenta manter suas
raízes.”
O trecho destacado
aponta a convivência entre:
(A) progresso e
tradição
(B) avanço e atraso
(C) dedicação e
abandono
(D) artificialismo e
autenticidade
(E) trabalho e
paralisia
25.) A alternativa que
não apresenta dificuldade enfrentada pelos que vivem da pesca
artesanal é:
(A) a competição
desigual com a pesca praticada em larga escala
(B) a poluição
(C) o aumento das áreas
nas quais a atividade é proibida
(D) as ações
petrolíferas
(E) o turismo
26.) “O camarão é
bem lucrativo, mas praticamente desapareceu da região”
No fragmento em
destaque, “mas” pode ser substituído, mantendo seu sentido
original, por:
(A) logo
(B) por isso
(C) porém
(D) ou
(E) pois
27.) “Ele é irmão
de Arilson Gonçalves de Araújo, conhecido como Camarão...”
“Camarão” é
grafado com maiúscula para:
(A) sugerir ironia
(B) indicar nome
próprio
(C) dar ênfase
(D) denominar crustáceo
raro
(E) diferenciar do bar
de Arilson
28.) O vocábulo
“camarão” flexiona-se no plural da mesma forma que:
(A) cidadão
(B) órgão
(C) visão
(D) alemão
(E) artesão
29.) “A maioria tem
barcos pequenos e precisa ir para longe, já que, por aqui,
praticamente não há mais áreas boas para pegar peixes.”
No fragmento destacado,
“já que” indica:
(A) concessão
(B) causa
(C) condição
(D) consequência
(E) finalidade
30.) Em “ No
local, jovens herdam o ofício de seus pais...”, o termo em
destaque refere-se a:
(A) Baía de Guanabara
(B) Colônia de
Pescadores Z-10
(C) Bairro da Ribeira
(D) cidadezinha do
interior
(E) polo industrial e
tecnológico
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